De 14 a 19 de Dezembro
No Teatro-estúdio do CITAC
Às 22:00h
Encenação
Monstro Meu é o espectáculo resultante da candidatura de Rodrigo Santos ao concurso de encenação do CITAC. Partindo da premissa do intérprete criativo, o processo teve como base o improviso de texto e a pesquisa da personagem, no trabalho do actor. A linha orientadora foi a busca de um teatro minimalista, onde a emotividade e a economia de cena – estamos todos a cumprir, sr. Gaspar! - se assumissem como actores principais, num universo absurdo e mormente sensitivo. Mais do que procurar uma linha narrativa lógica e linear, pretendeu-se dar expressão a uma série de angústias e pulsões latentes, que fomos encontrar no nosso quotidiano, na degradação das utopias sociais e na relação da arte com o público.
Foi pertinente, para nós, a dinâmica actual de deterioração progressiva do conceito europeu e a maneira como isso nos faz sentir mais e mais tolhidos de acção. O Monstro Europeu já não é amigo porque o Monstro Europeu somos nós.
Monstro Meu
Uma menina não falava com ninguém. Inventou um monstro para lhe fazer companhia. O monstro acedeu mas exigiu que ela não falasse com mais ninguém. Um dia a menina descobriu que conseguia falar e decidiu livrar-se da companhia que inventou para si mesma. Falou, falou, falou e gritou até que percebeu que já ninguém lhe ligava. Sentiu-se sozinha de novo e tentou inventar o amigo outra vez. Tarde demais. Restou-lhe transformar-se num monstro pra falar consigo mesma.
A actriz acordou de um pesadelo: sonhou que tratava o texto por você. E que o público não gostava disso! Inchou o peito, disse o texto bem alto e convenceu-se, por amigos, que o sonho não era verdade: ela tratava o texto por tu, afinal! Então declamou, declamou, declamou e tanto se repetiu que um dia o público morreu de tédio. Então decidiu matar Gil Vicente, mas já não havia ninguém na sala para o ver.
Aparentemente as duas tramas não se tocam, embora tenham um denominador comum: o desencanto auto-infligido e o Monstro que isso faz de nós. Decidimos cruzar os dois mundos e chorar um bocado.
O resultado é um limbo temporal, pontuado por referências abstractas ao falhanço da democracia, ao plágio na criação artística, à dolorosa desconstrução dos mitos, à inocência perdida e ao raio do referendo grego que nunca chegou a acontecer! Andam por lá inspectores traumatizados, crianças adultas cedo demais, divas que tratam o texto por você e todos os outros monstros que fomos criando por já não sabermos comunicar.
Ficha técnica
Texto: Rodrigo Santos (com excertos de poemas de Anabela Ribeiro e Patrícia Antunes)
Encenação: Rodrigo Santos
Interpretação: Anabela Ribeiro, João Silva, Patrícia Antunes e Viviane Andrade
Desenho e Operação de luz: Paula Gaitas
Música original e Sonoplastia: Rodrigo Santos
Operação de som: Vanessa Teixeira
Design gráfico: Whatever Trademark
Ilustração: João Pereira & Ivan Gerês Pereira
Produção: CITAC 2011
Agradecimentos
João Pereira
Ivan Gerês Pereira
Ricardo Alves
Isabel Ramos
Zé Diogo
Daniel Taborda
Apoios
SASUC
MAFIA Federação Cultural de Coimbra
A Escola da Noite
Teatro da Palmilha Dentada
RUC
TEUC
ATENEU de Coimbra
TAGV
FINANCIADO PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN