Sinopse
Perdem-se no espaço, enlaçam-se uns nos outros, imergem na pasta bruta
de todos os dias e tentam viver. Sejamos ou não capazes de ver a linha que
distingue as formas, onde pousa a luz quando a há, ou marcas na pele.
Se este espaço nasceu do caos, a
ordem é apenas um véu ténue sobre a matéria. O calor condensa-se e os corpos
expandem. Repara que a luz reflectida nos espelhos não fica nos olhares… Há
gritos que tem de se soltar.
A não ser quando o prazer
emerge. Acorrentados ao sonho, entramos na banheira. É la que o pudico se
masturba, para se limpar de sujidade dos pensamentos.
Gajos. Vinho. Pernas de gajas.
Não somos esquisitos. Mais vinho, se faz favor!”
Vídeo
Chairs, Traffic, Sangue e Metamorfoses, realizadas durante o processo criativo, assumem-se como momentos autónomos no decorrer do espectáculo, que articulados com o espaço cénico, desafiam o participante a abandonar-se criando novas experiências.
Do filme Un Chant D’Amour de Jean Genet (1950) e das obras At Land de Maya Deren (1944) e Hysteria de Sam Taylor-Wood (1997), Shadows, foram retirados excertos, alusivos à temática do kabarett e como suporte do momento performativo.
As obras videográficas apresentadas no KABARETT são reflexo de um processo criativo participativo desenvolvido em conjunto com o CITAC ao longo destes dois meses.
Música
Tal como o nascimento do KABARETT aconteceu de forma espontânea com ele nasceram as formas que o habitam e a banda sonora que as acompanha.
O processo de recolha e criação começa com essa génese e desenvolve-se através das próprias personagens, respeitando as individualidades, os desejos, as ilusões, os sentimentos e tudo aquilo que as constitui. De certa forma foram elas os compositores e são sem dúvida os maestros do KABARETT.
Os músicos ao vivo conferem uma tridimensionalidade aos trilhos sonoros deste lugar indissociando-se dele. São uma extensão do espaço, reagem aos intervenientes como o sistema imunitário de um corpo vivo.
A música, em estreita relação com o vídeo, criam espaços-lugares dentro do KABARETT, ambientes concretos e digitais onde habitam as personagens e as suas psiques. O mundo dentro do mundo.
Do minimal ao glitch core, do tango à valsa, passando pelo blues e inclusive por música mais “popularucha”, porque a mente humana é o verdadeiro espetáculo de variedades.